Por ocasião da exposição sobre «O Transporte dos Séculos XVI a XVIII», do Mestre José Cardoso Brito, patente no Museu Municipal de Olhão até final de fevereiro, rumamos à Cidade da Restauração, mais concretamente ao Edifício do Compromisso Marítimo, para melhor conhecer este importante equipamento cultural da cidade cubista. À nossa espera estavam várias salas de exposição e um núcleo bibliográfico de elevada qualidade, num espaço que aposta em atrair públicos de todas as idades e nacionalidades.

Texto e Fotografia: Daniel Pina

Logo à entrada do Edifício do Compromisso Marítimo, em frente à Igreja Matriz de Olhão, encontramos uma interessante exposição sobre «O Transporte dos Séculos XVI a XVIII», um conjunto de réplicas de coches da responsabilidade do Mestre José Cardoso Brito que, só por si, justificam uma visita ao Museu Municipal de Olhão. Contudo, muito mais há para visitar e conhecer neste equipamento inaugurado em 2000 e coordenado por Hugo Oliveira há cerca de dois anos, embora já ali fosse técnico desde 2009. “O Museu era um pouco fechado sobre si mesmo e não comunicava muito com as escolas, o que nos levou a elaborar um Serviço Educativo de raiz. Criou-se entretanto uma equipa estável e, neste momento, somos três técnicos superiores e mais três auxiliares, um deles a trabalhar exclusivamente na reorganização do nosso núcleo bibliográfico. Agora, temos uma oferta específica constante, os fundos estão tratados e sabemos ao certo que tipo de informação podemos facultar às pessoas, nomeadamente aos investigadores que nos procuram”, indica o arqueólogo lisboeta.
Consciente da importância destes equipamentos culturais na sociedade moderna, o executivo da Câmara Municipal de Olhão tem investido bastante, nos últimos anos, na reestruturação e requalificação do Museu, a fasquia aumentou em termos de qualidade e a oferta educativa é disso exemplo. “Um museu tem que comunicar com o exterior e criar novos públicos, não pode limitar-se a abrir as portas e ficar à espera que os turistas entrem. Sabemos, todavia, que Olhão é cada vez mais um destino turístico de referência e, nesse sentido, estamos a estudar a origem de pequenos aspetos da sua cultura a nível arquitetónico, como é o caso das chaminés”, prossegue Hugo Oliveira, não poupando elogios à equipa que coordena.
Uma equipa onde se encontra Sandra Roma, a responsável pelo Serviço Educativo, que tem um trabalho muito específico da evolução urbana e arquitetónica de Olhão enquanto terra cubista, assim como Vera Lisa Brandão, a curadora principal do Museu e que possui um Mestrado ligado ao Compromisso Marítimo. “Desenvolvíamos muito trabalho que não passava lá para fora, por falha nossa, obviamente, o que mudou a partir do momento em que existem outros meios de comunicação. A oferta do museu está na Agenda Municipal de Olhão e no Jornal Jota, da responsabilidade da Casa da Juventude de Olhão, a par das diversas plataformas digitais”.
Esta postura diferente de interagir com a comunidade já surtiu efeitos práticos junto das escolas, garante Hugo Oliveira, que começaram a repetir as visitas que fazem ao Museu Municipal de Olhão para participar nas diversas iniciativas vocacionadas para os mais novos. “Desconstruímos completamente a ideia de que o Museu é um sítio onde não se pode tocar em nada, onde temos que andar todos em fila com medo de estragar alguma coisa que aparenta ser bastante antiga. É um local onde os miúdos do 1.º ciclo nunca tinham imaginado entrar, mas agora querem voltar com os pais”, destaca o coordenador.